Camaquenses tem fim de semana de superação no Audax
Os camaquenses têm quase que por tradição a superação de desafios de audax nas diferentes quilometragens que são impostas. E no último final de semana não foi diferente. Uma dupla fechou o BRM de 300km e outra superou todos os desafios para fechar os 1000km.
Vitor Hugo Bortolotti Lindenau e Luis Romualdo Ramos (Bugrão), fecharam o brevet de 1000 km em Florianópolis e Jônatas Pommerening e Paulo Mecca encararam os 300km do Audax em Porto Alegre. E eles contam em detalhes como foram os desafios.
Confira os relatos
Vitor Hugo Bortolotti Lindenau
“Dia 21 de setembro de partimos de Camaquã eu, Luis Romualdo Ramos (Bugrão)e Julio Silva, de Lagoa Vermelha para participar de umas das provas mais longas de audax em território nacional: o BRM 1000 de Florianópolis, com largada dia 22 de setembro (quinta) e prazo máximo para chegada dia 25 de setembro (domingo) as 11h, ou seja, 75 horas. A largada foi com destino a São Pedro de Alcântara e Santo Amaro da Imperatriz, apreciando a bucólica paisagem da serra catarinense de colonização alemã. Depois retornando a BR-101 como destino a Torres no RS. Este trajeto inteirou 330km, no que fomos contemplados com tempo bom e vento a favor apesar de algumas subidas fortes. Devido ao bom rendimento no primeiro dia acabamos relaxando na noite e nos atrasamos para a largada do segundo dia, saímos as 6h30, para fazer o trajeto de 400km com destino a Curumim, Terra de Areia e depois subir a íngreme subida da Rota do Sol com altimetria concentrada de aproximadamente 1000m em 12 km de subida. Fizemos este trecho sob sol forte. Alcançamos Tainhas próximo às 14h, onde almoçamos e dai partimos para São Francisco De Paula, Canela e Gramado, onde chegamos a noite próximo às 20h após vários pneus furados e sendo castigados por um vento no peito muito forte que não permitia ultrapassar os 20 km/h em descidas. A partir dai o gigante começou a demonstrar força e novamente fomos castigados por forte inversão térmica com queda repentina na temperatura com a chegada da neblina e até um chuvisco. Após parada no PC de Gramado para um lanche, se agasalhar e colocar jornal nos peitos para amenizar o frio e encarar a forte descida da serra a noite sob neblina. A adrenalina desta descida nos manteve acordados. Passamos por Três Coroas e chegamos em Taquara para um novo lanche e enfrentar um trajeto até Osório, passando por Rolante e Santo Antônio da Patrulha sem nenhum local de apoio. A partir de Osório fomos até Torres onde chegamos às 11h de sábado e partimos às 15h após tomar banho, almoçar e cochilar alguns minutos. Tínhamos então 2h para fazer 280km, o que matematicamente é muito fácil, mas devido às 28h ininterruptas de pedal tornou-se um pesadelo e, novamente, sentimos a força do gigante tentando nos dominar, chegou determinado momento que o rendimento caiu e a solução foi comer um lanche, tomar um café e tirar um cochilo nos bancos das lanchonetes, mesas, no chão e até na beira da estrada para recuperar forças. A cidade de Florianópolis parecia fugir de nosso alcance mas com obstinação, garra e determinação fomos e chegamos com prazo de uma hora antes do final com tempo para parada, fazer alguns registros fotográficos. Devido ao alto nível dos participantes com exceção que teve problema em um pneu todos concluíram. Fica uma experiência de vida incrível, novas amizades criadas, antigas amizades reforçadas e uma lição de superação para quem, como eu que iniciou este ano a fazer a série tornando-se Super Rondounner e agora concluindo este BRM de 1000, o que me rendeu o apelido de Invictor por ter concluído todas provas. Agradeço a parceria do Bugrão e Júlio Silva e apoio de todos amigos ciclistas, o que sei é um pouquinho que cada um me ensinou. Com certeza será uma recordação para toda vida!”.
Jônatas Pommerening
“Este foi o último Audax 300 do Brasil no calendário 2016. Pouca gente, mas gente que estava precisando do 300 ou para completar a série ou por estar dependendo de um 600 de Bagé que também é o último da temporada. Este foi um Audax relativamente fácil no papel pela sua altimetria próxima dos 2000, e em um trajeto bom de fazer. Mas no papel é uma coisa e erramos um pouco no planejamento. Tínhamos a ciência de que estaria 8 graus à noite. Suportável pra quem já passou a noite com essa temperatura. Se não fosse o vento intenso e gelado de toda a noite na qual sempre estávamos com a sensação de muito menos que 8 graus. Saímos às 16h de Porto Alegre e fomos com a intenção de fazer um Audax rápido assim como nunca havíamos feito. Paramos pouco nos pontos de apoio e controle e chegamos às 8h da manhã em Porto Alegre de volta após 306km. Chegamos 4horas antes do término que era até meio dia. No mais, fizemos uma boa parceria com um senhor de Brasília e outro rapaz de Paraná, ambos vindos por estarem precisando do 300 para terminar a série. Também sentiram muito frio. Pedalamos também com um rapaz de Novo Hamburgo e outro de Canoas. Nos seis fizemos uma bela parceria. Agora é decidir se faremos o 600 ou não. Para mim, pelo terceiro ano consecutivo falta só ele para ser Super Randonneur. Sinto novamente que não estou preparado e o 300 me mostrou mais uma vez que o sono e as dores são um problema para uma prova que exige o dobro”.
Desafios superados
No caso do BRM 1000, não faltam desafios durante o percurso. Frio, fome, sono, muitas dores e até bolhas nas mãos. Vitor Hugo destaca o alto nível dos participantes dos 1000km, muitos deles já com passagens pelo Paris Brest Paris e um grupo que participou do 1001 Miglia na Italia (1600km).
Ele conta que ciclistas de vários estados brasileiros enfrentaram os 1000km de Florianópolis. E chamou sua atenção a superação de um randonneur muito experiente, Wagner. Aos 64 anos, o ciclista de Canos teve teve uma queda com corte feio no cotovelo. Foi só após a conclusão dos 1000km que ele foi ao hospital para receber os pontos no ferimento.
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