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Entrevista com a atleta olímpica Raiza Goulão

Bicampeã brasileira e bicampeã Pan-Americana de Mountain Bike. Estes são apenas alguns dos títulos nacionais e internacionais de Raiza Goulão, atualmente o nome feminino mais forte do esporte no Brasil. Figurando entre as grandes mulheres do pedal internacional, aos 24 anos a goiana está em sua melhor fase, brigando no top 20 mundial, marca nunca antes alcançada por uma brasileira. A atleta da Specialized Racing BR e da Seleção Brasileira está voltando ao Brasil após uma temporada de treinos e competições na Europa para fechar a preparação para as Olimpíadas Rio 2016. Raiza fala com exclusividade ao Sul Pedal sobre o esporte, as competições internacionais e de sua expectativa para 20 de agosto, dia em que realizará o sonho de representar o Brasil em uma Olimpíada pela primeira vez.


Fotos: Armin M. Küstenbrück

Como foi tua trajetória até chegar a ser a brasileira de maior destaque no MTB?

Bem, iniciei um pouco tarde no mundo do MTB. Sempre fui amante do esporte, quando criança e adolescente busquei o máximo de esportes possíveis para me divertir, como basquete, natação, vôlei, capoeira, balé, sempre fui muito ativa e precisava descarregar as energias. Após iniciar em meu primeiro trabalho consegui montar uma bike simples para me divertir em minha cidade e foi ai que comecei a perceber que existia uma variedade muita grande de equipamentos para a bike. Após assistir minha primeira prova de MTB na cidade vizinha decidi participar da minha primeira prova de MTB em minha cidade. Sofri bem nessa primeira prova, pensei em desistir, porém, quando cruzei a linha de chegada foi uma sensação tão boa que queria ir novamente. Após algumas provas na Elite em meu Estado comecei a participar de provas do ranking nacional e tive a oportunidade de participar do projeto da Jaquelini Mourão. E foi ai sim que decidi me tornar atleta profissional e seguir carreira. Após 2012 consegui por todos os anos consecutivos ser convocada como atleta da Seleção para os campeonatos mundiais. E tal contato com provas na Europa só fez crescer minha vontade de poder chegar ao nível de tais atletas, um dia, quem sabe, poder morar na Europa. Acho que essa vontade, sonho e objetivo me move a cada dia em meus treinos em busca da superação. MTB é minha paixão, profissão e hobbie.


Tu estás em tua melhor fase, figura entre as grandes do MTB Internacional e é hoje a brasileira de maior desempenho e colocação no ranking mundial. Como lida com isso? Seus objetivos estão sendo atingidos?

Graças a Deus consegui atingir todos meus objetivos, e com isso acabamos ficando muito mais exigentes conosco mesmo e alguns resultados que são expressivos às vezes ficamos frustrados, pois, sabemos poderíamos ter feito melhor. Mas sabemos que tudo sempre é um grande aprendizado. Este é o ano de minha carreira, ano olímpico, minha primeira Olimpíada e em minha terra natal. Acho que só devo continuar focada a cada dia mais para buscar a melhor performance e poder representar bem nossa nação. Poder fazer um ano com uma consistência nos resultados é muito importante para mim e mostra que estou no caminho certo.


A recente temporada na Europa disputando a Copa do Mundo e o Mundial integraram uma preparação para os Olimpíadas? Como te percebeu frente às outras atletas nestas competições?

Sim, poder estar competindo na Europa com as melhores pistas e melhores atletas não tem preço, se você quer ser um atleta de nível mundial não tem porque não estar aqui (Raiza respondeu ainda na Europa). E poder estar competindo em um ritmo mais competitivo e buscar resultados mais expressivos, isso é muito motivador para mim, minha equipe e treinadores.


Ainda há muita disparidade entre os atletas brasileiros e estrangeiros? Preparação, incentivo, aspetos financeiros, é grande a diferença?

Bem, para mim temos algumas diferenças expressivas, mas vejo que o MTB no Brasil está crescendo lentamente. Senti diferença em treinamentos, pistas mais técnicas, cultura e valorização do atleta. Infelizmente no Brasil não contamos com uma cultura muito forte de provas de XCO e com pistas técnicas muito menos. Acho que faltam investimentos de grandes marcas que não estejam envolvidas no mundo do MTB, porém, poderiam incentivar o esporte. Infelizmente ainda somos uma nação conhecida pelo futebol.


Como está tua preparação para as Olimpíadas neste misto de treinos e competições internacionais?

Este ano com estratégia traçada no início da temporada, busquei atingir minha melhor performance com menos provas em meu calendário e assim podendo ter melhor desempenho nas provas de nível mundial. A temporada na Europa de dois meses foi de grande importância, onde tive contato, além de provas, mas em treinos com grandes atletas, o que sempre é uma escola para mim. Volto com meu caderno repleto de dicas e aprendizados. Agora de volta ao Brasil para a reta final para a preparação para as Olimpíadas, simplesmente treinar e buscar o melhor desempenho possível no dia 20 de agosto.


Como estás te sentindo ao realizar o sonho Olímpico, representar o Brasil nos Jogos em casa?

É algo incrível para mim, minha primeira Olimpíada em minha casa, isso não tem preço. O ano começou a todo vapor, primeiro contato com a Tocha Olímpica, segundo convocação para as Olimpíadas seguida de meu melhor desempenho em uma Copa do mundo, o 17˚ lugar na WC em La Bresse, simplesmente ultrapassando minhas expectativas.


Qual tua expectativa para as Olimpíadas já conhecendo a pista de prova? O que os torcedores podem esperar da Raiza e da Seleção nas Olimpíadas?

Tive a oportunidade de conhecer a pista ano passado. Vou dar meu melhor a cada instante, quero conseguir um resultado expressivo para minha nação e brigar por um top 15. Este ano estou sentindo na pele o quão alto está o nível das atletas, por ser um ano olímpico todos estão mil por cento mais focados em busca de melhor performance e investindo em todos os detalhes para a perfeição. Será uma prova dura, mas não tenho medo, estou ansiosa para que chegue logo para sentir a energia deste momento.


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