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Um show na abertura da Série Randonneur dos Pampas


Um espetáculo. Não há outra definição para o desafio do domingo (10), que abriu a 1ª Série Super Randonneur dos Pampas. O brevet 200km, abriu uma programação que tinha tudo para dar muito certo, mas já foi bem além, no primeiro dos cinco eventos. Cerca de 250 ciclistas tiveram um grande domingo de pedal, passando pelos municípios de Bagé, Hulha Negra, Candiota e Pinheiro Machado.

Desafios, é claro, não faltaram. O percurso tinha subidas exigentes, com altimetria de 1,100 m, com acumulado de ida e volta, 2,200m, com destaque para a subida do Veleda. Sofrido? Que nada! No melhor estilo audax, a turma se apoia uns nos outros para superar as dificuldades e vencer o percurso dentro do tempo estipulado, neste caso, 13h30. A chegada, só comemoração e muito planejamento para o próximo desafio.

O evento foi uma promoção do Clube Audax Bagé, muito elogiado pelos ciclistas pela ótima organização e receptividade. Integrante do grupo, Heron Regert não esconde a satisfação pelo belo evento: “Para nós foi o maior evento de todos, nem esperávamos tantas participações. Nossa estrutura com inscrições antecipadas foi montada de acordo com o número de participantes inscritos e conseguimos atender a altura todos eles. Acredito que tenha sido o maior evento dos últimos tempos na região Sul do Estado. Sem desmerecer qualquer outro evento, mas 250 participantes inscritos eu não recordo de ver tal informação”, comemora Heron.

Até o tempo ajudou para o que domingo de pedal fosse perfeito. “São Pedro foi primordial ao evento, pois a bomba de água que caiu na madrugada e assustou alguns ciclistas, fez com que os mesmos assustados que não largaram se arrependessem de não ter saído de suas casas para participar do evento”, comenta Heron. O clima ameno e pouco sol foi uma bela ajuda para quem pedalou pelas estradas da Campanha Gaúcha.

A programação da 1ª Série Super Randonneur dos Pampas terá também no dia 07 de maio o único brevet internacional do Brasil, de 300 km, tendo como destino a cidade de Mello, no Uruguai. A série terá ainda os brevets de 400 e 600 km, nos dias 27 de agosto e 21 de outubro, respectivamente. Para incentivar o esporte desde cedo, no dia 21 de abril será realizado um Mini Audax, em Bagé, para as crianças, evento que estava programado para a Páscoa e foi transferido em função da chuva. “Agradecemos de coração a presença e a companhia de cada um dos participantes, que aguardamos novamente para participarem do único BRM Internacional da América Latina, no dia 07 de maio, com 300 quilômetros”, convida Heron.


As mulheres deram um show

Se engana quem pensa que as longas quilometragens são só para homens. As mulheres deram um show, participaram e concluíram com sucesso os 200km do desafio. Muitas delas dedicam-se ao MTB, mas se desafiaram, como Milene, Cibele, Adienez, Graciela, por exemplo, figurinhas bem conhecidas no Zona Sul de MTB. Elas estiveram entre 30 mulheres que encararam o desafio.

Entre elas estava também a camaquense Fernanda Naatz, que deixou o chão do MTB por um fim de semana para se aventurar, pela primeira vez, no audax. E assim como tantas outras estreantes, o momento agora é de boas lembranças e muita satisfação. Fácil, não foi: “Foi difícil enfrentar o vento de frente na ida, longas subidas e a maior distância que já fiz em um só dia e com poucas paradas, apenas pra carimbar o passaporte e beber água. Pois bem, hoje foi dia de façanha. Foram mais de 200km na companhia de grandes atletas e nos quilômetros finas cansaço”, comenta Fernanda, destacando as parcerias e apoios no percurso, o incentivo e até a colaboração com pneu furado entre os participantes. “É um desafio mesmo, 70% psicológico e 30% físicos. O corpo foi...a cabeça tem vertigens. Os últimos 20 km são intermináveis porque o corpo dá sinais de cansaço. Cãibras nas pernas, formigamento de mãos e pés, mas a chegada é triunfal”, comemora a estreante, grata aos apoios que recebeu da família e também de outros ciclistas, aquele bom espírito do audax.


200km sem troca de marchas

Pense naquelas bikes antigas, sem marchas, sem catraca. Dá pra fazer 200km, com altimetria de mais 2,000m em uma bike assim? Loucura? Talvez! Mas que dá pra fazer, dá. Maurício dos Santos Ferreira fez o audax com uma bike fixa, que não possui catraca onde o movimento dos pedais é diretamente ligado ao da roda, não sendo possível parar de pedalar com a bicicleta em movimento e também é de marcha única. Ele mesmo diz que pode parecer loucura, mas fez e concluiu. E concluiu com sobra: dos 13h30 possíveis para concluir o desafio, ele fechou em 9h52. “Isso pode parecer loucura, mas me proporcionou ótimos momentos, sendo que pedalei um pouco com cada participante da prova e muitas pessoas tinham curiosidades sobre aquela bike feia”, diverte-se ele. A "feia", é ​obra dele mesmo: "O legal é a gente mesmo montar a própria bicicleta com a nossa cara. No meu caso eu utilizei um quadro de Caloi 10, mais ou menos do final dos anos 70. É legal ter uma bike que fale um pouco da tua personalidade e com baixo custo", conta. “E com isso fica a mensagem para aquelas pessoas que tem uma bicicleta mais simples, mas, tem vontade de fazer uma prova dessas. É só ter vontade e treino, tudo é possível”, reflete ele.

Fotos 1, 2 e 3: Pelotão da Quinta

Fotos 4, 5 e 6: Aquivo pessoal de Maurício e Fernanda

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